O poder da micropolítica é possível?

Caros amigos,
Ao ler um artigo recente sobre a impotência das escolas frente à violência,à prostituição e outros acontecimentos que convivem em torno do "espaço do saber", percebo que as instituições, cada vez mais, se eximem da responsabilidade de construção de um ambiente coletivo agradável.
Não somente os moradores, alunos, diretores não procuram debater e achar soluções locais para a melhoria da qualidade de vida, como as instituições como Ministério Público, Polícia, Secretaria de Educação "empurram o problema" para outros órgãos ou se dizem de "mãos atadas".
Sabe-se que vivemos na época do individualismo e consumo exacerbado, onde qualquer contestação sobre o poder econômico das marcas, empresas e do marketing é visto como empecilho ao crescimento. Um "sonho de esquerda socialista" que deve ser enterrado pós muro de Berlim.
A terceira via, as Ongs seriam a saída. O poder local traria o caminho para o desenvolvimento das comunidades e enfrentamento/convivência da hegemonia das grandes correntes capitalistas.
Mas, chegamos em 2010 e onde estão esta coletividades organizadas no espaço urbano frente às mazelas da globalização?
É claro, que há ótimos projetos locais, mas não vejo uma relação dialética, onde o local estaria transformando, significativamente, o global.
Em geral, os depoimentos, reportagens, discursos e os hábitos (bourdieu) nos mostram um predomínio maior de indiferença, descrédito e desvontade de mudanças na micropolítica do cotidiano.
Não somente as pessoas, mas as instituições começam a se eximir do papel de construção de uma sociedade sustentável, "mais coletiva".
A seguinte questão vem à minha cabeça: é possível construir um micropolítica local se não vemos uma macropolítica que respalda nossas vontades de mudanças? ou essa anomia global nos traz o conformismo individualista que justifica nosso imobilismo?
Para além do debate esquerda ou direita, o que se precisa é construir um debate coletivo para a fomentação de uma atitude nas esferas da macropolítica que corrobore as propostas do poder local. O indivíduo deve buscar o coletivo. Esse coletivo, expresso na simbologia das instituições, deve dar respaldo às atitudes locais para que haja o reconhecimento das novas propostas, de um novo caminho, de uma nova ética preocupada somente com o bem-estar coletivo e a sustentabilidade do planeta.
Pensem nisso!
Claudio Alessandro Diniz de Sá
Prof. MSc. em Ciências Sociais
claudio.sa@facsumare.com.br